Em 1932, a Aviação Militar do Exército Brasileiro criou o Núcleo de Destacamento de Aviação de Campo Grande, de forma a apoiar o deslocamento de suas aeronaves em seus vôos pela região. Essa unidade – com um efetivo inicial de um sargento e três praças – era parte do 2º Regimento de Aviação, subordinado à 9ª Região Militar.
O Destacamento dispunha originalmente de uma pista de 600m de extensão e 60m de largura, próximo ao atual Cemitério de Santo Amaro. Em 1933, a 2ª Cia. do 6º Batalhão de Engenharia do Exército construiu uma pista maior (1.400m de comprimento por 100m de largura) no mesmo local, no sentido Norte-Sul, em decorrência dos fortes ventos predominantes na região.
Em 10 de março de 1934, o 1º Ten.-Av.-Eng. Hortêncio Pereira de Brito tornou-se o primeiro comandante do Destacamento, dando início às atividades do Correio Aéreo de Fronteira. A sua primeira linha atendia o limite Sul do antigo estado de Mato Grosso, utilizando-se de aeronaves biplanas WACO CSO. Tendo transferido o comando do Destacamento ao 2º Ten.-Av. Tíndaro Pereira Dias em 29 de abril de 1935, o Ten. Hortêncio veio a fazer a primeira linha internacional do Correio Aéreo Militar – CAM no dia 21 de janeiro de 1936 quando, acompanhado do Ten. Tíndaro, pilotou um WACO Cabine desde Campo Grande até Assunção, no Paraguai.
Em 1º de junho de 1939, o Destacamento passou a ser denominado como 3º/2º Regimento de Aviação; pouco mais de seis meses após, em 17 de janeiro de 1940, teve sua denominação alterada para 8º Corpo de Base Aérea. A partir de 26 de fevereiro de 1940, passou a ser comandado por um dos pioneiros do CAM, o Cap.-Av. Abél Veríssimo de Azambuja. Em março daquele mesmo ano, o Exército adquiriu a Fazenda Serradinho a qual, em local afastado do centro da cidade de Campo Grande e dispondo de topografia adequada, satisfaria as necessidades de ampliação das instalações da Unidade.
A criação do Ministério da Aeronáutica – MAer, no dia 20 de janeiro de 1941, e subsequente amalgamento das armas de aviação da Marinha e do Exército brasileiros na Força Aérea Brasileira, viram o 8º Corpo de Base Aérea ser transferido para a jurisdição do novo Ministério; em 21 de janeiro de 1942, Campo Grande foi classificada como Base Aérea de 3ª Classe. As obras na Fazenda Serradinho para a construção da nova Base foram iniciadas nesse período e concluídas ao final de 1944.
De forma semelhante aos demais ministérios militares, o MAer dividiu, em 25 de outubro de 1941, o território brasileiro em cinco Zonas Aéreas, a fim de facilitar a administração das atividades do MAer nas suas áreas de jurisdição. A 5ª Zona Aérea, que compreendia então o estado do Mato Grosso, teve sua sede estabelecida em Campo Grande, sob o comando do Brig.-do-Ar Gervásio Duncan de Lima Rodrigues. Posteriormente, a 5 de março de 1942, o estado de São Paulo passou a constituir, junto com o de Mato Grosso, a 4ª ZA; e o comando da 5ª ZA, agora composta pelos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, foi transferido para Porto Alegre – RS.
Em 23 de março de 1944, os Corpos de Bases Aéreas foram extintos pelo Decreto-Lei nº 6.365, levando à desativação do 8º Corpo de Base de Campo Grande. No dia 21 de agosto de 1944, era criada a Base Aérea de Campo Grande – BACG, pelo Decreto-Lei nº 6.814. Sua nova sede foi inaugurada a 19 de abril de 1945, em cerimônia presidida pelo então Ministro da Aeronáutica, Dr. Joaquim Pedro Salgado Filho, com a denominação provisória de Destacamento de Base Aérea de Campo Grande.
Até o ano de 1965, o Destacamento permaneceu como uma Unidade de apoio às linhas do Correio Aéreo Nacional e a eventuais deslocamentos e manobras de Unidades Operacionais da Força Aérea Brasileira em manobras ou em missões de treinamento.
Em decorrência das necessidades de segurança interna do País, foi criada em Campo Grande, pela Portaria S/144/GM3, de 20 de outubro de 1965, a Esquadrilha de Reconhecimento e Ataque 42 – ERA-42, equipada com aeronaves North-American AT-6 e com a incumbência de ser empregada em missões específicas de cooperação na manutenção da segurança interna. O seu primeiro Comandante foi o 1º Ten.-Av. Raul Galbarro Vianna.
A ERA-42 permaneceu operando em Campo Grande até 11 de maio de 1970; ocasião em que, como consequência da evolução ocorrida na estrutura de tais Unidades, passou a compor, juntamente com a ERA-51, o 1º Esquadrão de Reconhecimento e Ataque – 1º ERA, com sede na Base Aérea de Canoas, encerrando, assim, a sua gloriosa passagem pela BACG.
Finalmente, pelo Decreto 67.204, de 15 de setembro de 1970, a BACG era oficialmente ativada, com a consequente desativação do Destacamento, sendo subordinada ao então Núcleo da Força Aérea de Transporte Aéreo, predecessora da V Força Aérea.
Hoje em dia, a BACG é sede de dois esquadrões da FAB: o 1º/15º Grupo de Aviação – Esquadrão “Onça”, responsável por missões de transporte aéreo e de lançamento de paraquedistas, e o 2º/10º Grupo de Aviação – Esquadrão “Pelicano”, responsável pelas missões especializadas de Busca e Salvamento em âmbito nacional.
A BACG também apoia o Destacamento de Proteção ao Voo de Campo Grande – DPVCG, criado em 30 de outubro de 1979 e que executa as atividades operacionais e de manutenção da proteção ao voo e do controle do tráfego aéreo na área.
Outro órgão sediado na BACG é a Prefeitura de Aeronáutica de Campo Grande – PACG, responsável pela administração dos imóveis residenciais na área.
A partir de 25 de março de 1980, a BACG passou a subordinar-se ao IV Comando Aéreo Regional – IV COMAR, sediado na cidade de São Paulo, situação esta que permanece até a atualidade.
* Agradecimentos ao Cel.-Av. A. Camazano A. pela colaboração na preparação desta página.
Bibliografia:
- Histórico da Base Aérea de Campo Grande.
- “História Geral da Aeronáutica Brasileira”, V. 3, Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica, Rio de Janeiro, 1991.