Embraer C-95/EC-95/IC-95 Bandeirante

C-95A 2296, 5º Esquadrão de Transporte Aéreo (foto Rudnei Dias da Cunha).

O Embraer EMB-110 Bandeirante foi desenvolvido a partir de 1965, no Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento do Centro Técnico Aeroespacial, por uma equipe liderada pelo engenheiro francês Max Holste (projetista de várias aeronaves, dentre elas o MH1521 Broussard, uma aeronave de transporte STOL utilizada pelo Armée de l’Air francês). Participava da equipe o oficial-engenheiro da FAB, Ozires Silva, um dos instigadores do desenvolvimento de uma aeronave de transporte regional, a ser projetada e construída no Brasil.

Conhecido como projeto IPD-6504, o protótipo começou a ser produzido em 1967, com o corte e moldagem dos painéis feito à mão, sobre um modelo de madeira, em escala 1:1. Os motores utilizados eram os Pratt&Whitney PT6A-20 de 550shp. O primeiro vôo do YC-95, como o protótipo foi designado pela FAB, foi realizado em 22 de outubro de 1968, quando uma instabilidade direcional foi detectada. Após a correção do problema, em 27 de outubro de 1968 foi realizado o primeiro vôo oficial do Bandeirante, assim batizado em honra aos desbravadores do Brasil, no século XVI.

Em 1969, Max Holste deixou o projeto, por divergências de opinião com a equipe brasileira, quanto à condução do desenvolvimento da aeronave. Nesse mesmo ano, Ozires Silva e sua equipe persuadiram o governo a criar uma empresa para desenvolver e produzir o Bandeirante, bem como produzir sob licença o treinador a jato italiano Aermacchi 326G. Nasceu assim a Empresa Brasileira de Aeronáutica – Embraer, com Ozires Silva como seu presidente. O projeto IPD-6504 foi transferido à Embraer, e os dois protótipos do YC-95 passaram a ser denominados pela empresa como EMB-100.

A aeronave a ser produzida, incorporando as modificações necessárias, detectadas durante o programa de testes realizado entre 1968 e 1969, foi designada como EMB-110 e tinha uma fuselagem mais longa, com a cabine, estabilizador vertical e naceles dos motores redesenhados, bem como janelas retangulares, ao invés das janelas ovais empregadas nos YC-95. Os motores eram os Pratt&Whitney PT6A-27 de 680shp. O Ministério da Aeronáutica encomendou 80 aeronaves, designadas como C-95, mas apenas 55 foram entregues, entre 1973 e 1976. Os C-95 receberam as matrículas FAB 2132 a FAB 2175 e FAB 2179 a FAB 2189.

C-95 2175, 1º/15º Grupo de Aviação (foto Rudnei Dias da Cunha).

A próxima versão foi o EMB-110A, destinada para a calibragem de instrumentos de apoio à navegação aérea, para substituir os veneráveis Douglas EC-47 então em uso pelo Grupo Especial de Inspeção em Voo. Designada como EC-95, cinco aeronaves foram adquiridas em 1976, matriculadas como FAB 2176 a FAB 2178 e FAB 2190 a FAB 2191. Essas aeronaves foram convertidas para a versão C-95 em 2000-2001.

A versão EMB-110C foi destinada ao transporte civil de passageiros, capaz de transportar até 16 passageiros. Foram construídas 34 unidades, e foi com essa versão que a EMBRAER adquiriu a experiência necessária para competir no mercado aeronáutico. Uma versão navalizada, EMB-110C(N), foi produzida especificamente para a Marinha Chilena.

Em 1977, foi desenvolvida a versão EMB-110B, específica para a realização de missões reconhecimento aerofotográfico. Seis aeronaves foram recebidas pela FAB entre 1978 e 1979, a qual as designou como R-95, matriculadas como FAB 2240 a FAB 2245. Duas aeronaves foram perdidas em acidentes, R-95 2243 em 1992 e R-95 2242 em 1995, as demais permanecendo em uso pelo 1º/6º Grupo de Aviação. Foi produzida também uma variante civil, EMB-110B1, com algumas modificações em relação à variante militar.

R-95 2245, 1º/6º Grupo de Aviação (foto Ricardo Hebmüller).

A versão EMB-110S1, da qual apenas um exemplar foi construído, era dotada de uma sonda para sensoriamento geomagnético. A versão EMB-110E foi uma modificação do EMB-110C, destinada ao mercado executivo, para 6 a 8 passageiros; apenas quatro foram produzidos. A versão EMB-110J foi um desenvolvimento do EMB-110E, dos quais foram produzidos 12 exemplares.

Em 1975, foi desenvolvida, a partir do EMB-110C, a versão EMB-110P, destinada ao mercado civil. Equipada com os motores Pratt&Whitney PT6A-34 de 750shp, era capaz de transportar 16 passageiros; foram produzidos 20 exemplares, vendidos tanto no Brasil como no exterior. A variante militar era a EMB-110K1, dotada de uma porta mista (carga/passageiros) na traseira e uma porta de passageiros atrás da cabine. Entre 1977 e 1978, foram entregues à FAB 20 exemplares dessa versão, a qual foi designada C-95A e matriculada como FAB 2280 a FAB 2299.

C-95A 2289, 2º/2º Grupo de Transporte, 1978 (foto A. Camazano A.)
C-95A 2293, 4º Esquadrão de Transporte Aéreo (foto Rudnei Dias da Cunha).

As próximas versões a serem produzidas, EMB-110P1 e EMB-110P2, foram destinadas ao mercado civil. A versão EMB-110P1 teve grande sucesso, com mais de 220 aeronaves produzidas e vendidas principalmente no mercado internacional.

A partir do EMB-110P1 foi desenvolvida a variante militar EMB-110P1K, a qual foi designada C-95B pela FAB. Um total de 31 exemplares foram entregues entre 1980 e 1984, matriculados como FAB 2300 a FAB 2330; três aeronaves, FAB 2307, FAB 2327 e FAB 2328 foram convertidas para o padrão EC-95B, para uso pelo GEIV.

C-95B 2329, 7º Esquadrão de Transporte Aéreo (foto Rudnei Dias da Cunha).

Entre 1981 e 1982 foram entregues à FAB cinco exemplares da versão EMB-110P1K SAR, destinada à realização de missões de busca-e-salvamento. Essas aeronaves, designadas como SC-95B e matriculadas FAB 6542 a FAB 6546, substituíram os Grumman SA-16 Albatross no 2º/10º Grupo de Aviação. Os SC-95B são equipados internamente para evacuação aeromédica, capazes de transportar até seis feridos a bordo, em macas; botes salva-vidas e paramédicos podem ser lançados de pára-quedas pela porta traseira. Duas largas janelas de observação, ovaladas, em bolha, foram instaladas na parte traseira da fuselagem.

SC-95B 6545, 2º/10º Grupo de Aviação (foto Rudnei Dias da Cunha).

Entre 1988 e 1990, foram recebidos pela FAB doze exemplares da versão EMB-110P1A. Essa versão distingue-se das demais pelo estabilizador horizontal em diedro (10°). Os EMB-110P1A foram designados como C-95C e receberam as matrículas FAB 2331 a FAB 2342, sendo empregados pelo 6º Esquadrão de Transporte Aéreo. Três C-95C foram convertidos para o padrão EC-95C (FAB 2331, FAB 2332 e FAB 2334), para emprego pelo GEIV.

C-95C 2334, aeronae orgânica da Base Aérea, 1997 (foto A. Camazano A.)
EC-95C 2331, Grupo Especial de Inspeção em Voo (foto Ricardo Hebmüller).

Em 2013, os EC-95B e EC-95C foram redesignados IC-95B e IC-95C. O IC-95C 2334 foi desativado em 2016, encerrando a carreira dos Bandeirante no GEIV.

IC-95B 2328, Grupo Especial de Inspeção em Voo (foto Ricardo Hebmüller), visto em 2008.
IC-95B 2328, Grupo Especial de Inspeção em Voo (foto Leandro Casella). visto em 2013.

Em 2008, a FAB decidiu por modernizar e elevar os Bandeirante das versões C-95B e C-95C, com a instalação de aviônica digital, desenvolvida pela empresa AEL Sistemas, além de outros melhoramentos. As aeronaves modernizadas, em total de 30, passaram a ser designadas como C-95BM e C-95CM. A primeira aeronave modernizada foi entregue em 2011 e as entregas foram completadas em 2015.

C-95BM 2330, 5º Esquadrão de Transporte Aéreo (foto Leandro Casella).

* Agradecimentos ao Cel.-Av. R1 Aparecido Camazano Alamino pela colaboração na preparação dessa página.

CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS (EMBRAER EMB-110 P1K Bandeirante C-95B)

  • Motor: 2 turboélices Pratt&Whitney PT6A-34 de 750 shp
  • Envergadura: 15,32 m
  • Comprimento: 15,08 m
  • Altura: 4,73 m
  • Superfície alar: 29,00 m2
  • Peso: 3.394 kg (vazio); 5.670 kg (máximo)
  • Velocidade: 426 km/h (máxima)
  • Razão de ascensão: 540 m/min
  • Teto de serviço: 8.260 m
  • Alcance: 1.900 km

Perfis

YC-95 2130, primeiro protótipo do Bandeirante.
YC-95 2131, segundo protótipo do Bandeirante.
C-95 2187, 1º/7º Grupo de Aviação, 1976.
C-95 2149, 3º Esquadrão de Transporte Aéreo, 1977.
C-95 2187, 5º Esquadrão de Transporte Aéreo, 1994-1995.
EC-95 2176, Grupo Especial de Inspeção em Voo, 1982.
C-95A 2284, 5º Esquadrão de Transporte Aéreo, 1994-1995 – aeronave alusiva ao sistema de lançamento múltiplo de fardos, desenvolvido pelo 5º ETA.
C-95B 2314, 2º Esquadrão de Transporte Aéreo.
EC-95B 2307, Grupo Especial de Inspeção em Voo.
EC-95B 2328, Grupo Especial de Inspeção em Voo, 2001.
IC-95B 2328, Grupo Especial de Inspeção em Voo, 2008.
IC-95B 2328, Grupo Especial de Inspeção em Voo, 2013.
C-95C 2334, Base Aérea de Anápolis, 1997.
EC-95C 2331, Grupo Especial de Inspeção em Voo.
IC-95C 2334, Grupo Especial de Inspeção em Voo, 2016.
R-95 2242, 1º/6º Grupo de Aviação, 1977.
SC-95B 6543, 2º/10º Grupo de Aviação, 2000.
XC-95B 2315, Centro Técnico Aeroespacial, 1981.
C-95AM 2291, 1º/5º Grupo de Aviação, 2020 – pintura comemorativa das 100.000 horas de voo em aeronaves C-95.
C-95BM 2305, 5º Esquadrão de Transporte Aéreo, 2012.
C-95CM 2339, 2º Esquadrão de Transporte Aéreo.

Bibliografia:

  1. R.D. da Cunha, “Brazilian Bandits – The Embraer Bandeirante”. In: AirForces Monthly, Stamford, p.68-72, Junho de 2005.
  2. J. Flores Jr., “Aeronaves Militares Brasileiras – 1916 – 2015”, Action Editora, Rio de Janeiro, 2015.