Base Aérea de São Paulo

Base Aérea de São Paulo

A história da Base Aérea de São Paulo – BASP confunde-se com a história da aeronáutica no Estado de São Paulo. Em 17 de dezembro de 1913, Rodrigues Alves, Presidente daquele estado, sancionou a criação da Escola de Aviação da Força Pública de São Paulo. Ela funcionou por pouco meses, em Guapira, tendo aparentemente formado apenas um piloto (Ten. Aristides Muza), e em 1914 foi forçada a interromper suas atividades, devido à falta de peças sobressalentes, mão-de-obra especializada e falta de infraestrutura.

Em 9 de dezembro de 1919, uma lei estadual restabelece a Escola de Aviação, agora com sede no Campo de Marte, à margem direita do rio Tietê, em uma área antes utilizada para exercícios de equitação. A escola começou a funcionar desde o dia 27 de fevereiro de 1920, equipada com três aeronaves Oriolles e cinco Curtiss JN, e foi inaugurada oficialmente no dia 26 de abril de 1920. No dia seguinte, recebeu a ilustre visita de Alberto Santos-Dumont, o qual foi homenageado com um show de acrobacia aérea realizado por Orthon William Hoover, um piloto americano, veterano da Iª Guerra Mundial e então instrutor da escola. Ao final do ano, seus pilotos já realizavam voos pelo interior do estado.

No entanto, apenas uma turma foi formada, e ao final de 1920 Orthon Hoover rescindiu seu contrato com o estado. Em 1922, as oficinas da escola foram fechadas; algumas de suas aeronaves foram armazenadas, outras vendidas e outras, ainda, doadas à Marinha de Guerra.

Quando da Revolução de 1924, o Campo de Marte foi utilizado pelos revolucionários, para o desempenho de missões de reconhecimento, orientadas pelos Tenente-Observador Eduardo Gomes e Tenente-Aviador da Força Pública Reynaldo Gonçalves, com o concurso do Terceiro-Sargento Carlos Rodrigues Coelho e de outros quatro pilotos, todos estrangeiros. Em 13 de julho, Eduardo Gomes tenta realizar a primeira missão, a qual foi abortada devido a pane na aeronave.

Em 31 de dezembro de 1924, o serviço de aviação da Força Pública é reativado, sob instigação do novo comandante da Força, Coronel Pedro Dias de Campos. Dessa vez, no entanto, pretendia-se estabelecer também uma esquadrilha de aviação, além da reativação da escola. A 1º de julho de 1925, foi inaugurada a Esquadrilha; já na escola de aviação, abriam-se vagas para os cursos de piloto-aviador de combate, observador-bombardeador, aperfeiçoamento e mecânico. Quatro dos aviões que se encontravam armazenados desde 1914 (quando se encerraram as atividades da primeira escola de aviação da Força) foram entregues à escola, para o reaparelhamento da mesma.

Em 29 de julho de 1929, aterrissava no Campo de Marte um monoplano biplace Klemm, pertencente à ETA – Empresa de Transportes Aéreos, primeira empresa aeroviária brasileira, a qual realizava assim seu primeiro voo, desde o Rio de Janeiro, ligando assim as duas principais cidades do país, à época.

Até 1930, o serviço de aviação da Força Pública desenvolveu-se consideravelmente, com o estabelecimento de campos de pouso no interior do estado, aquisição de novas aeronaves e expansão dos quadros de pilotos, observadores e mecânicos. Mas o canto de cisne do serviço de aviação foi a Revolução de Outubro de 1930; como a Força Pública participou dos combates ao lado dos legalistas, a vitória dos revolucionários trouxe inevitavelmente o fim do serviço de aviação e, particularmente, da Esquadrilha de Aviação da Força Pública, a qual foi dissolvida a 18 de dezembro de 1930. Todo o equipamento e munição foi transferido ao Exército, encerrando assim mais uma vez as atividades aéreas da Força Pública de São Paulo.

Em 21 de março de 1932, realizou-se no Campo de Marte a primeira festa de planadores, organizado pelo Grupo Makenzie de Planadores.

Ainda em 1932, o Campo de Marte volta a figurar na história aeronáutica militar brasileira. Com a deflagração da Revolução Constitucionalista na noite de 9 de julho, os revoltosos paulistas conseguem reunir algumas aeronaves, através da ocupação do Campo de Marte, que à época sediava aeronaves da Aviação Militar do Exército. Com isso, a Aviação Constitucionalista tinha, na manhã do dia 10 de julho, quatro aeronaves: dois Potez 25 TOE e dois Waco CSO. Outras aeronaves foram agregadas nas semanas seguintes, incluindo dois aviões legalistas (um Waco CSO e um Nieuport-Délage NiD-72) levados por pilotos que haviam aderido aos revoltosos. Esses, por sua vez, adquiriram aviões Curtiss Falcon O-1E nos Estados Unidos, os primeiros dos quais foram entregues em 1º de setembro (tortuosamente via Argentina e Paraguai, até o território brasileiro). Apenas quatro Falcon foram entregues antes do fim das hostilidades, o que não impediu que realizassem missões de bombardeio (a primeira a 20 de setembro, contra o campo legalista em Mogi-Mirim).

Após o término do conflito, o Campo de Marte voltou a ser utilizado pela Aviação Militar. Em 20 de janeiro de 1941, com a criação do Ministério da Aeronáutica, as organizações militares da Aviação Militar e Aviação Naval foram transferidas para as recém-criadas Forças Aéreas Nacionais, posteriormente redenominadas como Força Aérea Brasileira.

Assim, a 22 de maio do mesmo ano, foi criado o 2º Corpo de Base Aérea, sediado no Campo de Marte. A 17 de agosto de 1944, foi criado o 2º Grupo de Bombardeio Picado, com sede em São Paulo (não foi ativado, no entanto, devido à inadequação das aeronaves Vultee A-31/35 Vengeance com os quais deveria ter sido equipado). No dia 29 de agosto de 1944, foi criada a Base Aérea de São Paulo – BASP, ocupando as históricas instalações no Campo de Marte.

A 5 de outubro de 1944, encontram-se sediados na BASP o 2º Grupo de Bombardeio Leve, equipado com os Douglas A-20, e o Grupo Misto de Instrução, unidade de instrução no solo aos artífices da FAB, e em cujo acervo contavam-se aeronaves como o Douglas B-18 Bolo (um de três recebidos pela FAB nos sombrios dias de 1942), Republic RP-47B Thunderbolt (o único da versão B recebido pela FAB) e um Consolidated B-24 Liberator.

O crescimento da cidade de São Paulo levou o Ministério da Aeronáutica a transferir a BASP para os terrenos da Fazenda Cumbica (a qual havia sido doada por Eduardo Guinle), no município de Guarulhos, o que foi efetivado a 26 de janeiro de 1945.

Entre as unidades que lá foram sediadas, contam-se o 1º/10º Grupo de Aviação (de março de 1947 a dezembro de 1978), o qual operou os Douglas A-20, Beechcraft RT-11, North-American B-25J, Douglas B-26 Invader e o EMB.326GB RT-26 Xavante; e o 2º/10º Grupo de Aviação (de dezembro de 1957 a janeiro de 1972), equipado com os Grumman G-64 Albatroz e helicópteros Sikorski S-55 SH-19D (até 1970) e Bell 205D SH-1D.

Na atualidade, a BASP, dividindo seu espaço com o Aeroporto Internacional de São Paulo, sedia o 4º Esquadrão de Transporte Aéreo, o Instituto de Logística da Aeronáutica e Divisão de Catalogação da Diretoria de Material, aos quais a base apoia em suas atividades diuturnas.

* Agradecimentos à BASP pela colaboração na preparação desta página.

Bibliografia:

  1. “História Geral da Aeronáutica Brasileira”, V. 1, Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica, Rio de Janeiro, 1991.
  2. “História Geral da Aeronáutica Brasileira”, V. 2, Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica, Rio de Janeiro, 1991.
  3. Histórico da Base Aérea de São Paulo.