A 1ª Esquadrilha de Ligação e Observação na Campanha da Itália, 1944-1945

1ª Esquadrilha de Ligação e Observação (1944-1945)

A 1ª Esquadrilha de Ligação e Observação foi criada através do Aviso Nº 57, de 20 de julho de 1944, do Ministério da Aeronáutica.

O objetivo de sua criação era o de apoiar a Artilharia Divisionária (AD) da FEB, realizando operações de observação, ligação, reconhecimento e regulagem de tiro.

Seu comandante foi o Cap.-Av. João Affonso Fabrício Belloc, o qual foi promovido ao posto de Maj.-Av. no decorrer da Campanha na Itália.

A insígnia da 1ª ELO foi desenhada pelo Cap.-Av. Fortunato Câmara de Oliveira, piloto do 1º Grupo de Aviação de Caça, a pedido do Cap.-Av. Belloc. A insígnia apresenta um oficial (o piloto), empunhando um binóculo (representando a atividade do observador, em sua constante vigília), montado em um canhão (a “Poderosa Artilharia”). Este é elevado aos céus por um par de asas, representando a Força Aérea Brasileira – voando entre nuvens brancas, lembrando a Paz tão almejada, o todo sobre um campo em azul, representando os céus da Itália.

O efetivo da 1ª ELO era composto por 11 oficiais aviadores, 1 oficial intendente, 8 sargentos mecânicos de avião, 2 sargentos de rádio e 8 soldados auxiliares de manutenção.

Cap.-Av. João Affonso Fabrício Belloc.

A Esquadrilha operava aviões Piper L-4H, designação militar do modelo “Cub”, os quais haviam sido adaptados pelas US Army Air Forces para operar como aviões de observação e ligação.

O L-4H era uma aeronave monomotor de asa alta, equipada com um motor de 65HP de potência, velocidade de 121 Km/h e capacidade de transportar 180 Kg de carga útil.

Nas fotos abaixo vemos os L-4H da Esquadrilha, os quais eram pintados em “olive-drab” nas superfícies superiores e “neutral gray” nas inferiores. Inicialmente, utilizaram as insígnias norte-americanas em quatro posições; posteriormente, o leme foi pintado nas cores verde (à frente) e amarela, e a estrela da FAB foi usada nos lados da fuselagem, mantendo as insígnias norte-americanas nas superfícies superior esquerda e inferior direita da asa.

L-4H 1ª ELO (via Darci da Rocha Campos).

2º Ten.-Av. Darci da Rocha Campos em meio à neve (foto Darci da Rocha Campos).

A 1ª ELO desembarcou em Nápoles no dia 6 de outubro de 1944, juntamente com o 2º Escalão da FEB, prosseguindo em barcaças de desembarque de tropas até Livorno.

Sua primeira base foi na Quinta Real de San Rossore, próximo a Pisa, na qual permaneceram de 28/03/1944 a 13/11/1944. Lá, receberam seus aviões, os quais foram batizados com nomes como “Grupo Escola”, “Brasil”, “Bandeirante”, “Santa Therezinha”, “Timbiras”, “Ceará”, “Diogo Júnior” e “Luly”.

A Esquadrilha operou ainda das bases de San Giorgio (Pistóia) (13/11/1944 a 10/12/1944), Suviana (10/12/1944 a 18/03/1945), Porreta Terme (18/03/1945 a 27/04/1945), Montecchio Emiglia (27/04/1945 a 4/05/1945), Piacenza (4/05/1945 a 9/05/1945), Portalbera (9/05/1945 a 12/06/1945) e, finalmente, Bergamo (12/06/1945 a 16/06/1945). Seus deslocamentos acompanhavam o avanço da linha de frente aliada e em particular o das unidades da AD da FEB.

2º Ten.-Av. Darci da Rocha Campos e o L-4H nº 1 (foto Darci da Rocha Campos).

Uma missão de guerra na Esquadrilha durava aproximadamente duas horas, sobrevoando as linhas alemãs, detectando alvos como comboios, depósitos de munições ou ainda deslocamentos de tropas inimigas, cujas posições eram transmitidas aos postos de controle da AD pelo observador voando a bordo da aeronave. Alguns oficiais pilotos, não contentes em dirigir o tiro da artilharia, levavam consigo pedras e, posteriormente, granadas para atirar nas tropas alemãs.

As tripulações ficavam expostas ao frio e à perigosa artilharia antiaérea alemã – a Flak. A formação de gelo no cone do difusor do carburador levava muitas vezes à parada do motor do L-4H, cujo piloto era forçado a entrar em voo planado e descer a altitudes menores, onde o gelo se desfazia e o motor voltava a funcionar.

A 1ª ELO realizou 684 missões em quase 200 dias de operações, tendo feito 400 regulagens de tiro, tanto para as Unidades de Artilharia da FEB, como também para Unidades americanas e britânicas. As missões de regulagem de tiro atribuídas à Esquadrilha foram realizadas com extrema eficiência – justificando o seu grito de guerra, “Olho Nêle!” – permitindo que a Artilharia Divisionária da FEB fosse considerada como a mais precisa dentre todas as unidades de artilharia subordinadas ao 5º Exército dos EUA.

2º Ten.-Av. Darci da Rocha Campos sendo
condecorado pelo Gen. Truscott (E.U.A.)
(foto Darci da Rocha Campos) .

Ao findar a Campanha da Itália, a Esquadrilha passou a desempenhar atividades de tropa militar de ocupação, bem como o serviço de Correio da FEB. Infelizmente, no dia 14 de junho de 1945, essa valorosa unidade da FAB foi extinta por ordem do Oficial-General no comando da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária da FEB, e seus integrantes uniram-se aos do 1º Grupo de Aviação de Caça, então sediado em Pisa, para aguardar o retorno ao Brasil. Perdeu-se com isso a experiência tão arduamente conquistada pela Esquadrilha em suas operações na Itália.

Listamos abaixo os integrantes da 1ª ELO, bem como aqueles de outras Unidades Aliadas que participaram de missões com a Esquadrilha:

Pilotos da Força Aérea Brasileira Nº de missões
1º Ten.-Av. João Torres Leite Soares 70
Asp.-Av. Francis Forsyte Fleming 70
2º Ten.-Av. Carlos Alberto Klotz 68
Asp.-Av. Luiz José Winter dos Santos 67
2º Ten.-Av. Darcy Pinto da Rocha Campos 66
2º Ten.-Av. Arnaldo Vissoto 64
Asp.-Av. Cornélio Lopes Cançado 61
2º Ten.-Av. Roberto Paulo Paranhos Taborda 60
Maj.-Av. João Affonso Fabrício Belloc 55
Asp.-Av. Chafik Bittar 54
Asp.-Av. Joel Clapp 48
Observadores do Exército Brasileiro Nº de missões
Cap. Adhemar Gutierrez Ferreira 71
2º Ten. Ionio Portela Ferreira Alves 67
2º Ten. Walter de Oliveira 66
2º Ten. Caubi Eduardo Maia 66
1º Ten. Adalberto Villas Boas 66
2º Ten. Mario Dias 64
1º Ten. Jorge Augusto Vidal 62
1º Ten. Elber de Mello Henriques 62
1º Ten. Pedro Augusto de Souza Gomes Galvão 59
1º Ten. Oswaldo Moscollin 55
1º Ten. Raul Ribeiro Guimarães 16
Gen. Brig. Osvaldo Cordeiro de Farias 1
Outros observadores brasileiros Nº de missões
Asp.-Av. Francis Forsyte Fleming 1
Asp.-Av. Cornélio Lopes Cançado 1
Asp.-Av. Chafik Bittar 1
Rubem Braga (Correspondente de Guerra) 1
Asp.-Av. Luiz José Winter dos Santos 1
3S Mec.-Av. Roxael de Souza Pinto 1
Observadores do Exército Britânico Nº de missões
1st Lt. K. O’Connor (Royal Artillery) 16
1st Lt. W. Bell 4
1st Lt. J. Williams (Royal Artillery) 1
Capt. A. Cadduby (Royal Artillery) 1
Sargentos e Praças da FAB
1S Q.RT.VO José Reis 3S Q.AV. Elidio Pereira
1S Q.RT.VO Sebastião Rubens Tecles S1 Q.MR. Valdemar Bittencourt
3S Q.AV. Orfeu Bertelli S1 Q.MR. José Gomes de Figueiredo
3S Q.AV. Roxael de Souza Pinto S1 Q.MR. Herbert Emygdio Nogueira
3S Q.AV. Mário Vicente de Oliveira S1 Q.MR. Jair Soares dos Santos
3S Q.AV. Vitor Zilber S1 Q.MR. Rubens Rossi Machado
3S Q.AV. Ademétrio Dechatnek S1 Q.MR. Antonio Pioli
3S Q.AV. Levi Alves Carneiro S1 Q.MR. Fausto Vasques Villanova
3S Q.AV. Lirio Reis Santos S1 Q.MR. Geraldo Perdigão
Cabos e Soldados do Exército Brasileiro
CB José Luiz Torres SD Orlando Peixoto da Silva
SD Damião Rodrigues SD Argemiro Bicudo de Almeida
SD Milton de Oliveira SD Josuel Lopes de Oliveira
SD João Gomes de Andrade SD Lourival Pinto do Nascimento
SD Alédio Magalhães SD Manuel da Silveira

Bibliografia:

  1. R. Moreira Lima, “Senta a Pua”, 2ª Edição, Itatiaia, Belo Horizonte e Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica, Rio de Janeiro, 1989.
  2. F. Vasques Vilanova, “Com a 1ª ELO na Itália”, Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica, Rio de Janeiro, 1991.