A aviação militar no Brasil de 1920 a 1941

Após o término da I Guerra Mundial, as escolas de aviação existentes no Brasil continuaram a formar pessoal; verdade que em pequeno número, devido às dificuldades operacionais encontradas.

Em 1921, o governo federal determinou a estruturação da defesa do litoral, com o estabelecimento de duas linhas – uma pelo interior e outra ao longo da costa – ligando o Rio de Janeiro e a região sul do país. Essas linhas deveriam ser operadas respectivamente pelas Aviação Militar – AvM e Aviação Naval – AvN. Esta última, em 1922, criou os Centros de Aviação Naval, no Galeão em julho e em Santos em outubro daquele ano.

Em agosto de 1921, a AvM cria dois campos de aviação em Santa Maria e em Alegrete, no Rio Grande do Sul; em 5 de junho de 1922, temos as seguintes unidades neles sediados:

  • Santa Maria:
    1. 1ª Esquadrilha de Bombardeio: 4 Bréguet 14A2
    2. 1ª Esquadrilha de Caça: 9 SPAD VII
    3. 1ª Companhia Provisória de Parque de Aviação
  • Alegrete:
    1. 3ª Esquadrilha de Observação: 6 Bréguet 14
1ª Esquadrilha de Bombardeio em Alegrete – RS, 1922
3ª Esquadrilha de Observação em Santa Maria – RS, 1922

Essas unidades permaneceram lá sediadas até 1930, quando foram dissolvidas e seu equipamento foi transferido para a Escola de Aviação Militar.

As atividades aéreas regulares foram praticamente suspensas entre 1924 e 1926, devido aos vários movimentos revoltosos ocorridos no país. O ano de 1927 viu, no entanto, a elevação do Serviço de Aviação Militar, à categoria de arma; a criação da Arma de Aviação do Exército, em 13 de janeiro de 1927, colocou-a ao mesmo nível das demais armas do Exército (Infantaria, Cavalaria, Artilharia e Engenharia). Isto ressalta a importância que era dada já naquela época à aviação militar.

No ano de 1931, a AvN adquiriu onze hidroaviões Savoia Marchetti SM-55A. Estes aviões haviam sido trazidos ao Brasil no memorável reide Roma-Rio de Janeiro, realizado pela Regia Aeronautica (Real Força Aérea Italiana), sob o comando do Gen. Italo Balbo.

Em 21 de março de 1931, é criado pela AvM o Grupo Misto de Aviação, sob o comando do então Maj. Eduardo Gomes. Sediado no Campo dos Afonsos, era equipado com dez Potez 25 TOE e contava ainda com vários Curtiss Fledgling, os quais constituíam uma esquadrilha de treinamento.

Ainda durante a revolução de 1932, o governo adquiriu 14 aviões de caça Boeing 256 nos E.U.A., seis dos quais foram destinados à AvN e os oito restantes à AvM.

Em 1932 a AvN organiza uma unidade de demonstração aérea, equipada com três aviões Boeing 256 e tendo como integrantes: Capitão-de-Corveta Djalma Fontes Cordovil Petit, Capitão-Tenente Lauro Oriano Menescal e Capitão-Tenente José Kahl Filho. A esquadrilha logo atraiu a atenção pela precisão com que as manobras aerobáticas eram realizadas. Em janeiro de 1933, foi convidada a participar da cerimônia de inauguração do Aeroporto Internacional de Montevidéu; nos meses de agosto a outubro do mesmo ano, acompanhou o Presidente Getúlio Vargas em viagem às capitais do norte do Brasil. No seu regresso ao Rio de Janeiro, a 5 de outubro, escoltou o dirigível alemão “Graf Zepellin”.

De 1934 a 1936, a AvM expande sua atuação para o interior do país, instalando campos de aviação em Minas Gerais e Mato Grosso, dando apoio a unidades terrestres do Exército na integração do território nacional.

Em 1934, por ocasião da guerra do Chaco – envolvendo a Bolívia e o Paraguai – a AvN deslocou aviões Boeing 256 e Vought Corsair para a fronteira do Brasil com aqueles dois países.

Cabe também ressaltar que a indústria aeronáutica brasileira, com a Empresa Aeronáutica Ypiranga (fundada em 20 de janeiro de 1932) e a Companhia Nacional de Navegação Aérea – esta sob o impulso renovador do Ten.-Cel. Guedes Muniz e de Henrique Lage – contribuíram para o desenvolvimento da aeronáutica brasileira. O Ten.-Cel. Muniz já no início da década de 30 havia projetado e construído o Muniz M-5, e a esse sucederam-se os modelos M-6, M-7 (primeiro avião de projeto e construção inteiramente nacionais), M-8, M-9 e M-11. Os M-7 e M-9 foram utilizados pela Escola de Aviação Militar.

Na segunda metade da década de 30, a AvN passou a incorporar aviões projetados pela firma alemã Focke-Wulf; como fruto dessa associação, uma fábrica foi instalada no Galeão, produzindo aviões FW-44J Stieglitz e FW-58B Weihe (foto à direita), incorporados a partir de 1936 e 1938, respectivamente. Também doze aviões de treinamento norte-americanos North-American NA-46 entraram em serviço em 1938.

Focke-Wulf 58B Weihe da Aviação Naval.

Já a AvM incorporou 128 aviões de diferentes tipos – caças, bombardeiros, reconhecimento, instrução primária e avançada – de 1937 a 1940.

Bibliografia:

  1. “História Geral da Aeronáutica Brasileira”, V. 2, Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica, Rio de Janeiro, 1991.