A evolução das insígnias nacionais em aeronaves militares brasileiras

Aviação Naval, 1918-1941

Na Aviação Naval – AvN, os lemes eram pintados em três cores: azul (primeira a partir da frente da fuselagem), amarela e verde. O número de matrícula na AvN e a inscrição MARINHA eram pintados sobre o leme em alguns aviões; outros tinham apenas esta última e alguns ainda não tinham nenhuma inscrição.

O cocar da AvN era composto de três anéis concêntricos de mesma largura, azul (anel central), amarelo e verde (anel mais externo); o cocar era pintado em quatro posições sobre as asas. Uma âncora era pintada juntamente com o cocar.

Cocar da Aviação Naval (1918-1941).

As mesmas insígnias são utilizadas hoje em dia nos helicópteros utilizados pela atual AvN.

Aviação Militar, 1920-1941

Até 1934, a Aviação Militar – AvM empregava cocar semelhante ao da Aviação Naval. O leme, no entanto, teve quatro variações conhecidas, com faixas nas cores nacionais; contando a partir da deriva, as faixas eram nas cores:

  1. Verde e amarela, padrão mais comum;
  2. Amarela e verde;
  3. Azul, amarela e verde;
  4. Verde, amarela e azul.

Em alguns aviões, o tipo da aeronave e seu número de produção apareciam pintados em preto sobre o leme; em outros aviões, tais inscrições eram inexistentes.

Cocar da Aviação Militar (1920-1934).

Cocar da Aviação Militar (1934-1941),

Após 1934, as aeronaves da AvM passaram a utilizar uma estrela gironada, nas cores nacionais. Note que o cocar continou em uso em algumas aeronaves da AvM mesmo após a introdução da estrela.

As estrelas eram pintadas em quatro posições nas asas de aviões monoplanos e nas superfícies superior e inferior das asas superior e inferior, respectivamente, em aviões biplanos.

O leme passou a ser pintado nas cores verde (primeira a partir da frente da fuselagem) e amarela.

Força Aérea Brasileira: IIª Guerra Mundial

Quando da criação da FAB, em 1941, as insígnias adotadas foram modificações daquelas utilizadas pela AvM: os braços da estrela gironada passaram a ser mais alongados e o anel branco passou a ser mais estreito. Essa estrela, denominada aqui de “A”, passou a ser aplicada em quatro posições, nas asas, e o leme manteve as cores verde e amarela, porém sem quaisquer inscrições. Também foi empregada uma variante, denominada aqui de “A1”, na qual o anel branco era mais espesso, reminiscente do antigo cocar da AvM.

Estrela tipo “A”.

Estrela tipo “A1”.

A partir de 1942, o Brasil passou a efetuar patrulhas ao longo da costa e aviões norte-americanos dos tipos Lockheed Hudson, NA B-25 Mitchell e Curtiss P-36A foram recebidos. As insígnias nacionais passaram a ser aplicadas nesses aviões (todos com o leme pintado em verde e amarelo). Houve pelo menos duas versões empregadas nos B-25B, na qual se pintou a estrela da FAB, sobrepostas a um disco branco ou ao disco em “Insignia Blue” da insígnia norte-americana.

Estrela FAB pintada nos B-25B do Agrupamento de Aviões de Adaptação (tipo “B1”).

Estrela FAB pintada nos B-25B do Agrupamento de Aviões de Adaptação (tipo “D2”).

Uma estrela semelhante foi utilizada em aviões Consolidated PBY-5 Catalina; já alguns PBY-5A e Lockheed B-34 Ventura, recebidos em 1944 e pintados no padrão “Scheme II ASW” da US Navy (com as superfícies superiores da fuselagem em “Dark Gull Gray”, laterais em “Non-specular White” e inferiores em “Gloss White”), empregaram uma estrela no formato norte-americano, porém com as cores nacionais.

Estrela FAB pintada nos PBY-5 (tipo “B1”).

Estrela FAB pintada nos B-34 no esquema de camuflagem “ASW II” (tipo “I”).

As insígnias das unidades da Força Aérea Brasileira na Campanha da Itália, 1944-1945

A FAB empregou duas unidades aéreas durante a Campanha da Itália, o 1º Grupo de Aviação de Caça – 1º Gp Av Ca, com os caças Republic P-47D Thunderbolt e a 1ª Esquadrilha de Ligação e Observação – 1ª ELO, a qual utilizou as aeronaves Piper L-4H.

Estrela FAB pintada nos L-4H da 1ª ELO (tipo “D1”).

A estrela tipo “D1” foi utilizada nas superfícies laterais dos Piper L-4H da 1ª ELO. A “star-and-bar” norte-americana era pintada em duas posições nas asas (asa superior esquerda e inferior direita). O leme não era pintado nas cores verde e amarela.

A fim de permitir o fácil reconhecimento como aeronaves aliadas, os P-47D utilizaram variantes das insígnias norte-americanas, porém com a estrela nas cores nacionais. Como pode-se ver nos desenhos a seguir, feitos a partir de fotografias da época, houve inúmeras versões, algumas com um pequeno Cruzeiro do Sul no disco azul-celeste central. Pelo menos um dos P-47D empregou uma estrela com bordas brancas, presumivelmente para destacá-la do disco em “Insignia Blue”.

As insígnias nacionais brasileiras, em alguma dessas versões, eram pintadas em duas posições nas asas (asa superior esquerda e inferior direita). O leme dos P-47D era pintado nas cores verde e amarela, em toda a sua extensão.

 

 

Estrela FAB pintada nos P-47D do 1º Gp Av Ca (tipo “E”).
Estrela FAB pintada nos P-47D do 1º Gp Av Ca (tipo “F”).
Estrela FAB pintada nos P-47D do 1º Gp Av Ca (tipo “G”).
Estrela FAB pintada nos P-47D do 1º Gp Av Ca (tipo “G1”).
Estrela FAB pintada nos P-47D do 1º Gp Av Ca (tipo “G2”).

Insígnias nacionais em aeronaves da FAB de 1945 a 2005

Após o fim da IIª Guerra Mundial, as aeronaves da FAB passaram a empregar as insígnias nacionais em quatro posições, nas asas, e o leme nas cores verde e amarelo. Porém, em alguns casos houve o emprego do cocar da FAB na fuselagem, como os P-47D do 9º Grupo de Aviação, em 1947-1949.

As aeronaves da FAB em acabamento de transporte – branco nas superfícies superiores (com uma faixa estreita em azul) e cinza nas inferiores – ou de treinamento (branco e laranja), utilizam a estrela tipo “A” nas asas, em quatro posições; o leme é pintado em toda a sua extensão em verde e amarelo.

Cauda dos T-27 no padrão T.O. 1-14.

Cauda dos T-27 no padrão cinza.

As aeronaves camufladas em padrão semelhante ao “Southeast Asia USAF” (T.O. 1-14) utilizam apenas um pequeno retângulo nas cores verde e amarela é pintado na seção fixa da empenagem vertical. A aplicação da estrela não era uniformizada, dependendo do tipo do avião e emprego: aviões de transporte (como o Lockheed C-130 Hercules) utilizaram-na em seis posições, o mesmo tendo sido observado em aviões EMBRAER T-27 Tucano; nos Northrop F-5E Tiger II a estrela era pintada em quatro posições nas asas.

Cauda dos F-5E no padrão T.O. 1-14.

Cauda dos F-5E no padrão cinza de defesa aérea.

As aeronaves pintadas em cinza de superioridade aérea (existem diferentes padrões de acabamento) utilizavam o retângulo verde-amarelo na empenagem, com a estrela sendo aplicada em seis posições (Boeing KC-137, Learjet C-35 e T-27). Já os aviões F-5E/F e Dassault F-103 Mirage III tinham a estrela pintada em quatro posições nas asas (houve um F-103 que tinha estrelas pintadas na fuselagem).

Estrela FAB pintado num T-27 do 1º/14º GAV (tipo “I”).

Existem registros fotográficos de aeronaves empregando variações no desenho da estrela, como o tipo “I”, visto num T-27.

Insígnias nacionais em aviões da FAB de 2005 até a atualidade

Em 2001, um caça A-1 do 3º/10º Grupo de Aviação foi pintado num padrão de camuflagem empregando as cores verde (FS 34092) e cinza (FS 36176) nas superfícies superiores e laterais, e o ventre em cinza claro.

Desse experimento, foi obtido o padrão tático definitivo das aeronaves da FAB, aplicado de forma envolvente à fuselagem. A estrela da FAB, agora em padrão de baixa-visibilidade, empregando as mesmas cores e delineada em preto, é aplicada em seis posições. O retângulo nas cores nacionais deixou de ser aplicado na cauda.

Estrela da FAB em baixa visibilidade (aeronaves camufladas em verde FS 34092 e cinza FS 36176).
Estrela da FAB em baixa visibilidade (aeronaves pintadas em cinza).
Estrela da FAB em baixa visibilidade (caças Mirage F-2000).

Aeronaves de transporte pintadas em cinza utilizam uma variante do cocar em baixa visibilidade, assim como os Mirage F-2000.

As aeronaves de transporte VIP mantiveram o padrão de pintura, porém com a aplicação da estrela nas seis posições.

Bibliografia:

  1. “História Geral da Aeronáutica Brasileira”, VV. 2-3, Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica, Rio de Janeiro, 1991.
  2. C.L. Scrivner, W.E. Scarborough, “PV-1 Ventura in action”, No. 48, Squadron/Signal Publications, Carrollton, 1981.