
Base Aérea de Natal

No início de 1942, as perspectivas para os Aliados não eram das melhores. Grã-Bretanha e Domínios, União Soviética e Estados Unidos amargavam pesadas derrotas. Grande parte da Ásia estava sob controle japonês; praticamente toda a Europa encontrava-se sob controle alemão e italiano; o Norte da África, com exceção do Egito, encontrava-se sob controle teuto-italiano. Temia-se que, caso os britânicos fossem derrotados, o “Afrika Korps” alemão se deslocasse para a Argélia e o Marrocos – colônias da França de Vichy, colaboracionista com os alemães – de onde poderiam atacar a América do Sul.
Além dessa ameaça, havia outra: a do submarino. Vários navios brasileiros já haviam sido atacados, bem como de outras nacionalidades. Era mister se estabelecer bases aéreas a partir de onde aeronaves pudessem estabelecer patrulhas antissubmarino e de proteção aos comboios.
Foi nessas circunstâncias que foi criada a Base Aérea de Natal – BANT, situada no Campo de Parnamirim, Rio Grande do Norte. O Núcleo da Base Aérea de Natal foi criado pelo Decreto-lei nº 4142, de 2 de março de 1942; a partir de então, aeronaves lá sediadas realizaram inúmeras missões de patrulha em nosso litoral contra os submarinos do Eixo. Já em 5 de novembro do mesmo ano, o NuBANT era transformado oficialmente na Base Aérea de Natal. Nessa época, a Base brasileira, equipada com os caças Curtiss P-40, funcionava no lado Oeste do Campo, enquanto a Base norte-americana – “Parnamirim Field” – situava-se no lado Leste.
Além das missões de combate montadas a partir de Natal, por lá passaram um sem-número de aeronaves, as quais eram transferidas para outros Teatros de Operações Militares, através do Atlântico. Sua contribuição foi vital para a reposição dos estoques de material Aliados; por isso mesmo, foi cognominada de “Trampolim da Vitória” das Forças Aliadas.
Com o término da guerra, o Ministério da Aeronáutica passou a ocupar o lado americano. A área oeste da base teve vários aproveitamentos, dentre os quais o Centro de Instrução Militar, Quartel da Polícia de Aeronáutica, Esquadrilha de Adestramento e, por fim, já modernizado, o Departamento de Ensino e o Corpo de Alunos do Centro de Formação de Pilotos Militares – CFPM.
A 17 de agosto de 1944, pelo Decreto-Lei n.º 6.796, é criado em Natal o 2º Grupo de Caça, com aeronaves Curtiss P-40, o qual é transferido, em 5 de outubro de 1944, pelo Decreto-lei nº 6.926, para a Base Aérea de Santa Cruz – BASC, a fim de integrar-se ao 1º Regimento de Aviação. O mesmo Decreto criava, em Natal, o 1º Grupo Misto, equipado com um Esquadrão de Caça e outro de Bombardeio. Tal Grupo é extinto pelo Decreto n.º 7.907, de 28 de agosto de 1945, o qual cria em seu lugar o 5º Grupo de Bombardeio Médio – 5º GBM, equipado com aeronaves North-American B-25J Mitchell.
Com a reorganização das unidades da FAB, ocorrida em 1947, o Decreto-lei n.º 22.802, de 24 de março do mesmo ano, desativa o 5º GBM e, em seu lugar, cria o 5º Grupo de Aviação – 5º GAV. Seu primeiro esquadrão, o 1º/5º Grupo de Aviação – 1º/5º GAV, fica responsável pela instrução e pelo emprego da Aviação de Bombardeio da FAB, utilizando as aeronaves B-25J até 1958, quando as mesmas foram substituídas pelos Douglas B-26B/C Invader. Os Morane-Saulnier MS-760 Paris C-41 substituíram-nos no início dos anos 70, os quais foram, por sua vez, substituídos pelos Beechcraft TC-45T “Muriçoca”, com os quais se encerrou esse tipo de instrução na FAB.
A compra dos Gloster Meteor pela FAB no início dos anos 50, a instrução dos pilotos de caça que, à época, era ministrada pelo 3º/1º GpAvCa, sediado na BASC, levou tal incumbência para Natal. Em 6 de novembro de 1953, chegavam os primeiros nove aviões Republic P-47D Thunderbolt para constituir o 2º/5º Grupo de Aviação – 2º/5º GAV, que teria a incumbência de formar os pilotos de caça da FAB em Natal a partir dessa data.
Essa Unidade operou com tal tarefa em Natal até 7 de dezembro de 1956, quando transferiu seus P-47 e a incumbência da formação dos pilotos de caça para o 1º/4º GAV, sediado na Base Aérea de Fortaleza. Por sua vez, o 1º/4º GAV transferiu seus bombardeiros B-25J para o 2º/5º GAV, assumindo a tarefa de formação de pilotos de bombardeio e em aeronaves bimotoras.
A BANT também sediou a Esquadrilha de Reconhecimento e Ataque 21 – ERA-21, transferida da Base Aérea de Recife, pela Portaria 026/GM3; a ERA-21 lá permaneceu de 9 de maio de 1967 a 26 de dezembro de 1969, quando as ERAs foram transformadas em Esquadrões de Reconhecimento e Ataque.
Em decorrência da criação do Núcleo do Centro de Formação de Pilotos Militares – NuCFPM, em Natal, em 15 de julho de 1968, a BANT foi desativada pela Portaria 016/GM7, de 24 de fevereiro de 1970, sendo o 2º/5º GAV desativado e o 1º/5º GAV transferido para a BARF, juntamente com seus Douglas B-26B/C.
Após quase duas décadas, a Portaria nº 625/GM3, de 12 de setembro de 1989 ativa novamente a BANT, a fim de apoiar o Comando Aéreo de Treinamento – CATRE. Tal ativação teve duração efêmera, pois em 27 de dezembro de 1990 a mesma era outra vez desativada pela Portaria 1002/GM3.
Em 1º de janeiro de 2002, o CATRE foi desativado e, em seu lugar, foi reativada mais uma vez a BANT, no Plano de Reestruturação da Força Aérea Brasileira. Nela se concentra toda a atividade aérea envolvendo as aeronaves AT-26 Xavante, com o 2º/5º GAV e o 1º/4º GAV, o qual foi transferido da Base Aérea de Fortaleza para a BANT em 9 de janeiro de 2002.
Em dezembro de 2006, o 1º/11º GAV foi transferido para a BANT e, em dezembro de 2010, o 1º/4º GAV foi transferido para a Base Aérea de Manaus. No dia 24 de outubro de 2013, o 1º/5º GAV foi transferido da Base Aérea de Fortaleza para a BANT. Em 2017, o 2º ETA foi transferido para a BANT e, em 22 de janeiro de 2018, foi a vez do 1º/8º GAV, transferido da Base Aérea de Belém.
Desde então, a BANT abriga os três esquadrões de treinamento operacional da FAB – 1º/5º GAV (Aviação de Transporte), 2º/5º GAV (Aviação de Caça), 1º/11º GAV (Aviação de Asas Rotativas) – além do 1º/8º GAV e do 2º ETA, tornando-a uma verdadeira “superbase” da FAB, sendo comandada por um oficial no posto de Brigadeiro do Ar. Tal distinção se reflete no novo emblema da BANT, aprovado em 2025, na forma de escudo francês (Base Operacional) e com a borda em branco, indicando o comando por Oficial-General.