Base Aérea de Santa Cruz

Base Aérea de Santa Cruz

Criada a 21 de agosto de 1944, a Base Aérea de Santa Cruz – BASC, situada no estado do Rio de Janeiro, é uma das principais bases da Força Aérea Brasileira, sediando os 1º e 2º esquadrões do 1º Grupo de Aviação de Caça, o 1º/7º Grupo de Aviação, o 3º/8º Grupo de Aviação e o 1º/1º Grupo de Comunicações e Controle.

A sede da BASC é de grande importância histórica. É situada em terras da antiga Fazenda de Santa Cruz, aonde viveram grande parte de suas vidas o rei de Portugal, D. João VI, e o imperador do Brasil, D. Pedro I. Na década de 30, tornou-se famosa por receber os famosos dirigíveis rígidos “Zeppelin”. Com o desejo de estabelecer de forma permanente uma linha aérea ligando a Alemanha ao Brasil, a empresa “Luftschiffbau Zeppelin Gmbh.” consultou o governo brasileiro sobre tal possibilidade. Assim foi que em 31 de março de 1934 a companhia alemã foi autorizada a estabelecer tal serviço; dois anos após, foi inaugurado o primeiro aeródromo dedicado à operação de dirigíveis na América do Sul, localizado na Fazenda de Santa Cruz e recebendo o nome de Aeroporto Bartolomeu de Gusmão, em honra ao pioneiro brasileiro da aeroestação.

Um imponente hangar para abrigar dois dirigíveis foi construído e inaugurado a 26 de dezembro de 1936, na presença do presidente do Brasil, Getúlio Dornelles Vargas e do embaixador da Alemanha, Schmidt Elskop. O hangar tem 270m de comprimento, 50m de largura, 53,58m de altura e pé direito de 35m. Quatro plataformas rolantes sob o teto foram instaladas, para permitir a manutenção dos dirigíveis. Todas as instalações elétricas do hangar eram seladas, para impedir a ocorrência de um incêndio, devido à alta volatilidade do hidrogênio, gás que sustentava os dirigíveis. Dada sua importância histórica, o hangar foi tombado como patrimônio histórico nacional em 14 de março de 1999.

Além do hangar, que continua em uso até hoje, abrigando as aeronaves da FAB, também foi construído à época uma torre de atracação, de desenho único, telescópica (alcançando alturas de 16m a 21,5m), permitindo operar tanto com o “Graf von Zeppelin” ou com o “Hindenburg”.

A destruição do “Hindenburg” devido à uma explosão enquanto estava sendo atracado em Lakehurst, E.U.A., no dia 7 de maio de 1937, causando a morte de 35 dos 97 passageiros, levou à suspensão dos voos dos “zeppelins”. Em 12 de fevereiro de 1942, após o rompimento de relações diplomáticas entre o Brasil e a Alemanha, como resultado de acordos diplomáticos dos países americanos, a concessão de operação do aeroporto foi cassada, e sua operação foi transferida ao Ministério da Aeronáutica.

Naquele mesmo ano, o 1º Regimento de Aviação – 1º RAv foi transferido do Campo dos Afonsos para o Aeroporto Bartolomeu de Gusmão, a fim de desempenhar missões de patrulha marítima e escolta de comboios navegando na região. Em 1943, com a decisão do governo brasileiro de enviar uma unidade aérea de combate para participar do esforço aliado na Europa, foi instalada no aeroporto uma unidade de treinamento, com o objetivo de criar uma reserva de pilotos para emprego no teatro de operações europeu.

Durante a guerra, uma unidade de dirigíveis da Marinha dos E.U.A., equipada com os famosos “blimps”, foi sediada no aeroporto, realizando missões de patrulha antissubmarina e escolta a comboios no Atlântico Sul.

O 1º Grupo de Aviação de Caça – 1º GAVCA, subordinado ao 1º RAv, foi criado a 18 de dezembro de 1943 e, após treinamento am Aguadulce, Panamá e em Suffolk Field, E.U.A., chegou à Itália em 6 de outubro de 1944. Um dia antes, foi transferido para o efetivo do 1º RAv o 2º Grupo de Aviação de Caça, unidade criada a 17 de agosto de 1944 em Natal – RN e equipada com os famosos Curtiss P-40 (nas versões E, K-10, K-15 e M). Em 21 de agosto de 1944, o aeroporto passou a denominar-se Base Aérea de Santa Cruz, nome que mantém até os dias de hoje. Ao final do mês de maio de 1945, a BASC sediava também o 1º Grupo de Bombardeio Picado, equipado com os Vultee A-31/A-35 “Vengeance”, o qual não chegou a tornar-se operacional.

Após a guerra, a BASC acolheu o 1º GAVCA, vitorioso sobre os céus da Itália, o qual operava aeronaves Republic P-47D Thunderbolt, trazidas dos E.U.A. quando do retorno do 1º GAVCA da campanha na Itália. Os P-47D utilizados pela unidade na Itália foram desmontados e trazidos de navio, passando a equipar o 2º GAVCA, o qual transferiu seus P-40 para o 3º GAVCA, sediado na Base Aérea de Canoas – BACO, no Rio Grande do Sul. Em 1946, o 2º GAVCA passou a operar como unidade de treinamento, responsável pelo Estágio para Seleção de Pilotos de Caça.

Em 1947, com a reorganização das unidades da FAB e consequente desativação dos Regimentos de Aviação, a BASC passou a abrigar os 1º e 2º esquadrões do 9º Grupo de Aviação, novas designações dos 1º GAVCA e 2º GAVCA. Porém, em 14 de outubro de 1949, o 9º GAV foi redenominado 1º Grupo de Aviação de Caça.

No dia 19 de dezembro de 1950, a BASC passou a abrigar o 1º Esquadrão de Controle e Alarme, unidade de controle aerotático cuja finalidade era apoiar o 1º GAVCA.

Em 6 de fevereiro de 1957, foi criado o 1º Grupo de Aviação Embarcada, sediado na BASC, o qual foi a unidade da FAB embarcada no porta-aviões “Minas Gerais”, da Marinha do Brasil, até a desativação de seus Grumman P-16 Tracker em 1996.

Em 1972, foi criado na BASC o 3º Esquadrão Misto de Reconhecimento e Ataque – 3º EMRA, o qual foi redesignado 1º/13º Grupo de Aviação em 9 de setembro de 1980, tendo permanecido sediado na BASC até a sua desativação em 3 de maio de 1989.

Em 19 de dezembro de 1976 o Destacamento de Proteção ao Voo de Santa Cruz passou a desempenhar suas atividades de controle de tráfego aéreo na região, integrado ao Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro.

A 11 de setembro de 1985 o 1º ECA foi redesignado como 1º/1º Grupo de Comunicações e Controle.

Em 7 de novembro de 1988, foi ativado na BASC o 1º/16º Grupo de Aviação, primeira unidade da FAB a operar as aeronaves de ataque AMX A-1.

Devido às restrições de espaço físico existentes na Base Aeronaval de São Pedro da Aldeia, foi transferida para a BASC, em 1995, a 2ª Esquadrilha de Ligação e Observação, equipada com aeronaves EMBRAER EMB.312 Tucano e dedicada a operações em conjunto com a Marinha do Brasil.

A 31 de julho de 1999, o 1º GAE foi redenominado como 4º/7º Grupo de Aviação, operando os EMBRAER EMB.111 P-95 Bandeirante Patrulha em missões de patrulha marítima.

Bibliografia:

  1. Edição Comemorativa dos 54 Anos da Base Aérea de Santa Cruz. BASC, 1999.
  2. J.E. Magalhães Motta, “Força Aérea Brasileira 1941-1961 – Como eu a vi…”, INCAER, Rio de Janeiro, 1992.
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