Projetado como sucessor do Lockheed P2V Neptune, o Lockheed P-3A Orion foi um desenvolvimento da aeronave de transporte de passageiros Lockheed L-188 Electra II.
O terceiro L-188 (matrícula N1883) produzido foi modificado, em 1958, como demonstrador do projeto do P3V (como era inicialmente designado o Orion), recebendo uma extensão da fuselagem traseira para abrigar um detector de anomalias magnéticas (MAD, em inglês), além de ter a porção inferior da fuselagem aumentada, para representar a baia de bombas. O primeiro vôo do L-188 assim modificado foi realizado em 19 de agosto de 1958 e em outubro do mesmo ano a US Navy assinou um contrato com a Lockheed. O N1883 foi então modificado para tornar-se o protótipo YP3V-1, tendo realizado o primeiro vôo em 25 de novembro de 1959. Os primeiros seis P3V-1 de série foram utilizados em testes até junho de 1962. No dia 23 de julho de 1962, o esquadrão VP-8 passou a operar os P3V-1, agora já oficialmente batizados como Orion. Em 18 de setembro de 1962, os P3V-1 foram redesignados como P-3A, de acordo com a designação unificada do Departamento de Defesa norte-americano.
Os P-3A foram utilizados por vinte esquadrões da US Navy, sendo que o último P-3A em serviço na Reserva Aeronaval norte-americana foi desativado em outubro de 1990. Um total de 157 P-3A foram produzidos, de 1961 a dezembro de 1965.
Em 1993, o Comando-Geral do Ar da FAB identificou a necessidade operacional de uma aeronave dotada de sensores e armamentos capazes de realizar as missões de patrulha marítima atribuídas à FAB. Essas incluem o combate anti-submarino e anti-belonaves de superfície; a proteção das áreas marítimas ao longo dos 7.000 quilômetros de costa; os 3,5 milhões de quilômetros quadrados da Zona Econômica Exclusiva, de importância fundamental para a economia do país; a realização de missões de Busca e Salvamento, sobre uma área de 6,4 milhões de quilômetros quadrados, atribuída ao Brasil pela Organização Internacional de Aviação Civil.
Em 1998, foram estabelecidos os requisitos operacionais preliminares da aeronave e, finalmente, em 2000 foi feito o pedido de ofertas, visando a selecionar o fornecedor da aeronave, com base em requisitos de ordem técnica, logística, industrial, comercial e de compensação (“offset”).
Foram adquiridas então 12 aeronaves P-3A dos estoques da US Navy, em 2000, as quais encontravam-se armazenadas no AMARC e, com base nas ofertas recebidas, em 2002 foi selecionada a empresa EADS CASA para proceder à modernização das mesmas, no âmbito do projeto P-3BR.
Oito aeronaves P-3A foram modernizadas nas instalações da EADS CASA na Espanha, a partir de 2006; outras três foram transladadas ao Brasil para armazenamento e posterior canibalização, a fim de suprir com peças as aeronaves modernizadas. Uma das aeronaves não passou pela modernização, sendo utilizada para o treinamento de voo das equipagens.
O processo de modernização contemplou a instalação de aviônicos de última geração, produzido pela Thales, bem como o “Fully Integrated Tactical System” – FITS (produzido pela EADS CASA). O FITS é um sistema de arquitetura aberta, baseada em componentes “commercial-off-the-shelf” (COTS), composto por um conjunto de consoles reconfiguráveis durante a missão, as quais são conectadas a dois processadores táticos redundantes, por uma rede local de computadores (LAN). O sistema propicia a diminuição da carga de trabalho dos operadores das consoles, controlando e fundindo as informações provenientes de diversos sensores táticos e de outros sistemas C3. O FITS já foi instalado em uma aeronave EADS CASA C-295 MP/ASW e foi selecionado pelo “Ejército del Aire” espanhol para reequipar cinco aeronaves P-3B.
O primeiro P-3A, matrícula FAB 7200 (ex-USN BuNo 152180), foi entregue à EADS CASA, em 11 de janeiro de 2006. O primeiro P-3AM foi incorporado à FAB em 30/09/2011, na Base Aérea de Salvador. Todas as oito aeronaves foram recebidas até julho de 2014.
A partir de 2018, foi iniciado um processo de substituição das asas de algumas das aeronaves, a cargo da empresa AKAER. O primeiro exemplar a sofrer tal substituição foi o P-3AM FAB 7205; o primeiro voo de teste foi realizado em 2 de maio de 2024.
A tabela abaixo mostra a situação da frota em 1º de agosto de 2024.
FAB | C/N | BuNo | Última Unidade US Navy | Entrega ao AMARC | Observação |
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P-3AM 7210 | 5069 | 151356 | VP-60, NAS Glenview, IL | 09/01/1986 | Aeronave adquirida para suprimento de peças. WFU sucateado - vendido |
P-3AM 7203 | 5110 | 152140 | VP-66, NAS Willow Grove, PA | 19/07/1990 | WFU PAMA-GL |
P-3AM 7211 | 5116 | 152146 | VP-66, NAS Willow Grove, PA | 08/06/1990 | Aeronave adquirida para suprimento de peças. WFU sucateado - vendido |
P-3AM 7205 | 5132 | 152162 | VP-66, NAS Willow Grove, PA | 26/07/1990 | Recebeu novas asas fabricadas na AKAER |
P-3AM 7208 | 5137 | 152167 | VP-69, NAS Whidbey Island, WA | 23/03/1990 | WFU sucateado – à venda PAMA-GL 2024 |
P-3AM 7209 | 5138 | 152168 | VP-69, NAS Whidbey Island, WA | 17/01/1990 | Aeronave adquirida para suprimento de peças. WFU sucateado. |
P-3AM 7206 | 5143 | 152173 | VP-69, NAS Whidbey Island, WA | 23/03/1990 | WFU PAMA-GL |
P-3AM 7201 | 5144 | 152174 | VP-64, NAS Willow Grove, PA | 22/06/1990 | Usada para treinamento das equipagens. WFU - à venda |
P-3AM 7207 | 5145 | 152175 | VP-69, NAS Whidbey Island, WA | 12/01/1990 | Armazenado na BASC |
P-3AM 7200 | 5150 | 152180 | VP-66, NAS Willow Grove, PA | 23/03/1990 | WFU - à venda |
P-3AM 7202 | 5156 | 152186 | VP-69, NAS Whidbey Island, WA | 18/12/1989 | Operacional |
P-3AM 7204 | 5157 | 152187 | VP-69, NAS Whidbey Island, WA | 31/01/1990 | Operacional - próximo a trocar asas? |
Fonte: J.L.P. Casella, SCRAMBLE (www.scramble.nl)
CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS (Lockheed P-3A Orion)
- Motor: 4 motores turboélice Allison T56-A-10 de 4.300 HP
- Envergadura: 30,37 m
- Comprimento: 35,61 m
- Altura: 10,27 m
- Superfície alar: 120,77 m2
- Peso: 27.890 kg (vazio); 61.235 kg (máximo na decolagem)
- Velocidade: 750 km/h (máxima)
- Teto de serviço: 8.626 m
- Alcance: 7.668 km
- Tripulação: 11 (5 tripulantes + 6 operadores de sistemas)
- Armamento: Até 3.289 kg de armamento/cargas transportado na baia ventral (torpedos, cargas de profundidade, minas e sonobóias); até 7.258 kg de armamento transportado em 10 pilones subalares (mísseis anti-navio, torpedos e minas).
Perfis
Bibliografia:
- J. Flores Jr., “Aeronaves Militares Brasileiras – 1916 – 2015”, Action Editora, Rio de Janeiro, 2015.
- EADS CASA FITS. http://www.eads.net/web/lang/en/800/content/OF00000000400004/1/51/517511.html. Visitado em 30/10/2005.
- P-3 Orion Research Group. http://home.wxs.nl/~p3orion/index.html. Visitado em 30/10/2005.
- R.S. Dann, R. Burgess, “P-3 Orion in Action”, Aircraft Number 193, Squadron/Signal Publications, Carrollton, 2004.