Um dos mais famosos aviões já construídos, o North American T-6 foi projetado por James H. “Dutch” Kindelberger a partir de 1935. O T-6 foi desenvolvido a partir do treinador básico BT-9 (designado NA-19 pela fábrica e equipado com trem de pouso fixo) e do treinador armado BC-1 (NA-26, com trem de pouso retrátil).
Um total de 180 BC-1 foram produzidos para o US Army Air Corps e 400 para a Royal Air Force, onde eram conhecidos como Harvard Mk. I. A versão naval do BC-1 era o SNJ-1 (com fuselagem metálica e trem de pouso retrátil), 16 dos quais foram adquiridos pela US Navy, assim como 61 do SNJ-2, equipado com um motor mais potente.
A versão seguinte foi a BC-1A, a qual incorporava as modificações do SNJ-1 e foi a base para o desenvolvimento do T-6. Durante a produção dessa versão, que totalizou 177 aeronaves, a designação foi alterada para AT-6 (“advanced trainer”, designado NA-59 pela fábrica). Era conhecido como Harvard Mk. II pela RAF e Royal Canadian Air Force, e 1.173 aeronaves foram utilizadas pelas forças britânicas, principalmente no Canadá e Rodésia, como parte do Empire Air Training Scheme.
Uma versão do BC-1A foi produzida sob licença pela Commonwealth Aircraft Corporation da Austrália, conhecida como “Wirraway“. Essa versão tem a distinção de ser a única dessa família de treinadores a ter confirmada a destruição de um caça japonês, do tipo A6M Zero (alguns autores dizem ter sido um Ki-43 Oscar), durante a IIª Guerra Mundial, fato que ocorreu no dia 26 de dezembro de 1942, nos céus da Nova Guiné.
Seguiu-se o AT-6A/SNJ-3, o qual incorporou um leme em formato triangular (nas versões anteriores, o leme tinha um perfil arredondado) e a ponta das asas de formato reto, equipados com o motor radial Pratt & Whitney R-1340-49 Wasp. Ambos podiam ser equipados com duas metralhadoras .30 pol, uma no lado direito da capota do motor e outra, móvel, na cabine traseira. Foram produzidos 1.549 AT-6A e 270 SNJ-3; também foi produzido sob licença pela Noorduyn Aviation no Canadá, com 1.500 aeronaves entregues às US Army Air Forces, como AT-16, e 2.485 Harvard Mk. IIB para as forças britânicas.
Já a versão AT-6B, equipada com o motor Pratt & Whitney R-1340-AN-1, que se tornaria padrão a partir de então, foi utilizada principalmente como treinador de metralhadores, com o assento traseiro montado virado para trás. Como a maior parte dessas duas versões construídas na fábrica da North-American Aviation em Dallas, Texas, os AT-6 foram batizados como “Texan“.
O AT-6C Texan/SNJ-4 (Harvard Mk. IIA para a RAF) veio em seguida, com 2.970 AT-6C, 2.400 SNJ-4 e 726 Harvard Mk. IIA produzidos. A variante SNJ-4C, das quais 85 foram produzidas, era equipada com gancho de parada para uso em porta-aviões.
A versão AT-6D/SNJ-5 (Harvard Mk. III) apresentava modificações no sistema elétrico, dos quais foram produzidos 3.713 AT-6D e 1.357 SNJ-5, além de 915 Harvard Mk. III para a RAF e para a Royal Navy. Foi produzida também a variante SNJ-5C (similar à SNJ-4C), das quais 80 foram produzidas.
A última versão a ser produzida durante a IIª Guerra Mundial foi a AT-6F/SNJ-6. Essa versão não tinha provisão para armamento, e a hélice era equipada com um cubo, apesar do mesmo ser normalmente retirado em serviço, por dificultar a manutenção.
A versão subsequente foi a T-6G, da qual foram produzidas 2.068 aeronaves, a partir da modificação de versões anteriores do T-6. Dentre as melhorias, incluiu-se a elevação do assento traseiro, para melhor visibilidade do instrutor; eliminação de algumas das nervuras do canopi, para melhorar a visibilidade do piloto e do instrutor; e instalação de tanques extras de combustível nas asas, dentre outras.
Durante a década de 1950, a empresa Canada Car and Foundry produziu a versão Harvard 4, designada como T-6J, a qual foi utilizada pelo Canadá, França, Itália, Bélgica e Alemanha.
No Brasil
A primeira versão a ser adquirida pelo Brasil foi a NA-46, derivada do BC-1A. Doze aeronaves foram adquiridas em 2 de dezembro de 1938 para a Aviação Naval. Designadas como V1NA e, posteriormente, como D1NA, todas as doze foram transferidas à FAB em 1941, onde receberam a designação BT-9.