No final da década de 60, a Força Aérea Brasileira iniciou os estudos para a formação de uma unidade de interceptação aérea, a fim de proteger o espaço aéreo brasileiro e, mais especificamente, a região central do país, onde se situa a capital federal.
Essa unidade foi chamada inicialmente de 1ª Ala de Defesa Aérea – 1ª ALADA; no dia 9 de fevereiro de 1970 foi ativado o Núcleo da mesma (NuALADA), iniciando-se a construção da pista e demais instalações para receber a 1ª ALADA, próximo à cidade de Anápolis, Estado de Goiás. Essa Unidade era um conceito novo dentro da FAB, onde tanto a parte operacional (pilotos, pessoal de manutenção e apoio e aeronaves) e a parte administrativa, ficavam sob um único comando.
Após diversos caças interceptadores terem sido avaliados, foi anunciado no dia 10 de maio de 1970 que o Avions Marcel Dassault-Bréguet Aviation Mirage IIIE havia sido selecionado para equipar a nova unidade. No mesmo ano, foram adquiridos 13 Mirage III EBR e 3 Mirage III DBR, os quais foram designados F-103E e F-103D pela FAB. Um núcleo de pilotos da FAB foi enviado à base da L’Armée de l’Air (Exército do Ar francês) em Dijon, para receberem o treinamento inicial no equipamento.
A pista de pouso da NuALADA foi inaugurada em 23 de agosto de 1972, tendo recebido no dia 1º de outubro o primeiro exemplar do Mirage a equipar a FAB. O primeiro voo de um Mirage, no Brasil, foi realizado em 27 de março de 1973, por Pierre Varraut, piloto de provas da Avions Marcel Dassault; e no dia 6 de abril seguinte, seis aviões Mirage realizaram o primeiro voo militar – uma demonstração sobre a capital federal, Brasília – comandados pelo Cel.-Av. Antônio Henrique (primeiro piloto brasileiro a voar o Mirage).
Após 7 anos de operações, a 1ª ALADA foi desativada, no dia 19 de abril de 1979. Os pilotos, pessoal de manutenção e as aeronaves F-103 foram transferidos para o 1º Grupo de Defesa Aérea, criado pelo Decreto Reservado Nº 004, de 11 de abril de 1979. O 1º GDA foi ativado no dia 19 de abril de 1979, através da Portaria Nº R-069/GM3. A parte administrativa, segurança e apoio da 1ª ALADA compuseram a Base Aérea de Anápolis, a qual foi ativada no mesmo dia.
Ao 1º GDA cabe realizar operações aéreas de defesa aérea, para negar a utilização do espaço aéreo brasileiro por forças externas, para a prática de atos hostis contra o Brasil ou serem contrários aos interesses da Nação. Além disso, o 1º GDA executa, eventualmente, outras operações ligadas à manutenção da superioridade aérea.
A FAB recebeu mais 4 F-103E e 3 F-103D em 1977/1978, e mais algumas unidades foram recebidas em 1988/1989, para recompletamento do efetivo. Os primeiros Mirage foram recebidos em um acabamento natural (prateado), com decorações em vermelho nas tomadas de ar da turbina. Em 1980, no entanto, eles foram pintados em dois tons de cinza, típico da missão de superioridade aérea, com o código da base – AN – pintado no leme em preto (alguns F-103s utilizaram-no pintado em branco previamente).
Em 1989 os Mirage passaram por um processo de rejuvenescimento, realizado na própria BAAN; foram instalados “canards” na porção dianteira das tomadas de ar, os quais aumentaram a manobrabilidade dos Mirage. Mais recentemente, os “Jaguares” receberam aviões AT-27 Tucano para uso em missões de interceptação leve.
Por um breve período, em 2005, o 1º GDA operou aeronaves AT-26, enquanto esperava a chegada dos Mirage F-2000 adquiridos naquele ano. Os F-2000C e F-2000B (biplace) foram utilizados pelo 1º GDA até 2013, quando os mesmos foram retirados de serviço. A partir de então, o esquadrão operou os F-5EM até dezembro de 2021, quando foram retirados de serviço, a fim de permitir que os pilotos e pessoal de manutenção realizem o treinamento necessário para começarem a operar o Saab F-39 Gripen, previsto para iniciar em 2022.
* Agradecimentos ao 1º GDA e ao Maj.-Av. J. Holanda pela colaboração na preparação desta página.
Bibliografia:
- C. Lorch, “A Caça Brasileira – nascida em combate”, Action Editora, Rio de Janeiro, 1993.