Em 24 de março de 1947, através do Decreto nº 22.082, o Ministério da Aeronáutica – MAer reorganizou as unidades componentes da Força Aérea Brasileira, extinguindo os chamados Regimentos de Aviação e Grupos (de Caça, Bombardeio Médio, Bombardeio Picado e de Patrulha), substituindo-os por Grupos de Aviação e Esquadrões. Assim, naquele dia foi criado o 15º Grupo de Aviação, com sede na Base Aérea de Campo Grande – BACG, não tendo sido, porém, organizado. Se passariam outros 23 anos até que, movido pela necessidade de firmar a presença nacional ao sul da região Centro-Oeste, em 17 de setembro de 1970 o MAer ativou o 1º Esquadrão do 15º Grupo de Aviação – 1º/15º GAV, com sede na BACG.
Sob o comando do Maj.-Av. Hélio Pereira Machado, o esquadrão foi instalado provisoriamente num barracão de madeira, chamado “Inferno 17”, e equipado com aeronaves canadenses DHC-5 C-115 Búfalo. Os primeiros aparelhos foram cedidos, por empréstimo, pelo 1º/1º Grupo de Transporte de Tropas e, ainda em setembro, foram recebidas as cinco aeronaves definitivas. Em 1981, os C-115 foram substituídos por cinco aviões EMBRAER C-95B Bandeirante, de fabricação nacional.
C-95 Como em toda unidade militar, é costume adotar um símbolo de identificação, amizade e reconhecimento: para tanto, o 1º/15º GAV escolheu a Onça Pintada, animal felino considerado o mais feroz e combativo das Américas, símbolo de sutileza, determinação, força e domínio. A criação foi do então Ten. Barbedo (Onça 03), inspirado nas mascotes da BACG, Joaquim e Gertrudes, e confere ao Esquadrão sua característica pantaneira e pioneira.
Designado para a missão específica de Transporte Aerotático, o Esquadrão “Onça” executa também missões de Transporte Aéreo Logístico, Ressuprimento Aéreo, Evacuação Aérea, Evacuação Aeromédica e Lançamento de Pára-quedistas, cumprindo com determinação e profissionalismo a sua sagrada missão: “Lançar, suprir, resgatar!”.
Dentre as inúmeras missões executadas pelo Esquadrão, destacam-se o auxílio na construção de três cidades na região Norte: Vera, Sinop e Aripuanã, transportando desde casas pré-fabricadas até gado nos C-115. Sem qualquer auxílio à navegação, em Aripuanã, o piloto identificava o local devido a névoa de uma cachoeira alta existente nas proximidades.
Participou da construção da Trans-Amazônica, transportando óleo diesel, peças, comida e pessoal. Apoiou o trabalho de cartografia do Rio Paraná e socorreu as vítimas da enchente de Santa Catarina no início da década de 80.
Reconhecido por seu alto grau de operacionalidade, venceu por oito vezes a Reunião da Aviação de Transporte (1978, 1982, 1984, 1987, 1988, 1997, 1998 e 1999), e recebeu o Prêmio “Flight Safety” conferido pela U.S. Air Force à unidades das Forças Aéreas Latino-americanas que tenham alcançado elevados níveis de segurança de vôo.
Em sua missão, o Esquadrão Onça apoia os deslocamentos de pessoal e material aos pontos mais remotos, e muitas vezes isolados e sem estrutura, da região Centro-Oeste, sendo um vetor fundamental no suporte às unidades de fronteira da Marinha e do Exército Brasileiros, unindo suas forças, integrando e desenvolvendo a região e o Brasil.
Um exemplo dessa integração foi a “Operação Fronteira 95”, realizada na região de Cáceres, MT, realizada em conjunto pelo 1º/15º GAV e pelo 2º Batalhão de Fronteira – 2º BFRON do Exército Brasileiro. Por quatro dias, os militares das Forças co-irmãs participaram de importante adestramento em uma região isolada e inóspita, na fronteira com a Bolívia. Elementos do 2º BFRON foram lançados por aeronaves C-95B do 1º/15º GAV, a fim de infiltrarem-se nos destacamentos de fronteira do Exército. Posteriormente, as equipagens do 1º/15º GAV realizaram lançamentos de material, víveres e medicamentos por pára-quedas.
Durante a operação, um militar do Exército acidentou-se e foi necessário removê-lo até Cáceres, para receber tratamento hospitalar. Dada a urgência da situação, seria necessário aterrissar à noite em Cáceres, cuja pista não dispunha, no entanto, de iluminação. Com o apoio de moradores da cidade, que dispuseram seus automóveis ao longo da pista com os faróis ligados, foi possível aterrissar com segurança, pois as equipagens do 1º/15º GAV já haviam treinado anteriormente para tal situação – comprovando o velho adágio, “faz-se bem o que se treina bem”.
O Esquadrão “Onça” conduziu, com orgulho, os restos mortais de Dom Pedro I, vindos de Portugal para visitar todas as capitais do Centro-Oeste, por ocasião dos 150 anos de Independência do Brasil, antes de ser sepultado em solo pátrio.
Ideal, trabalho, dedicação e a herança de formar pilotos e tripulantes em uma conjuntura desfavorável, adestrando, aperfeiçoando e enriquecendo os métodos e a doutrina, com coragem, determinação e respeito para servir a nação, é o aprendizado que os antigos integrantes do Esquadrão “Onça” deixam para as novas gerações.
* Agradecimentos ao Sr. Mario Maia e ao Sgt. Cunha Mendes (Seção de Relações Públicas do 1º/15º GAV) pela colaboração na preparação desta página.
Bibliografia:
- N.F. Lavenère-Wanderley, “História da Força Aérea Brasileira”.
- Edição Histórica – 25 Anos do 1º/15º GAV. 1995.
- “O vôo da Onça”. In: Jornal Correio do Estado, 25/10/95.
- “Exército e Força Aérea Treinam Juntos no Pantanal”. In: Aerovisão, Ano XXI, Nº 183, p. 17.