Antes mesmo do primeiro voo do Lockheed PV-1 Ventura, equipes da Lockheed e da US Navy (USN) já propunham modificações para melhorar o desempenho do PV-1. Dentre essas, as mais evidentes eram o aumento na envergadura, quase 3 metros maior; e as derivas, maiores e de desenho diferente. Além dessas, as seções externas das asas tinham tanques integrais de combustível, os quais aumentaram em mais de 300 galões norte-americanos a capacidade interna.
Tais mudanças eram, no entanto, bastante significativas, o que levou à atribuição de uma nova designação de fábrica – Modelo 15 – bem como de serviço, PV-2 (“Patrol Vega-2”, segundo modelo de patrulha produzido pela Lockheed-Vega) e conhecido como “Harpoon”.
A extensão das asas acabou causando problemas, detectados logo no primeiro voo, em 3 de dezembro de 1943, com enrugamento dos painéis de alumínio das mesmas. Isso só foi resolvido com um novo tipo de asa; as aeronaves que já haviam sido entregues, a partir de março de 1944, tiveram de ter suas asas substituídas. Apenas em março de 1945 os PV-2 passaram a ser utilizados em missões de combate, com o esquadrão VPB-139 USN estacionado nas ilhas Aleútas. Apenas 532 exemplares foram construídos, os últimos sendo da versão PV-2D, com oito metralhadoras .50in no nariz.
OPERADORES MILITARES DO LOCKHEED-VEGA HARPOON
Os seguintes países utilizaram o Lockheed-Vega Harpoon, em suas diferentes versões, para fins militares: Brasil, EUA, França Livre, Holanda, Itália, Japão, Nova Zelândia, Peru e Portugal.
O PV-2 HARPOON NA FORÇA AÉREA BRASILEIRA
Em 1944, o 2º Grupo de Bombardeio Médio – 2º GBM, sediado na Base Aérea de Salvador – BASV, recebeu quatro aeronaves PV-2 Harpoon. A fim de treinar o pessoal do 2º GBM, foram cedidas equipagens do 1º GBM, sediado na Base Aérea de Recife – BARF, os quais já operavam o PV-1. Com a conclusão do treinamento, o 2º GBM substituiu o esquadrão VB-129, sediado na BASV, o qual retornou aos EUA.
Em 1945, a FAB os designou como B-34A, de forma incorreta, já que essa designação se aplicava aos Ventura Mk. II da Royal Air Force (RAF) que foram transferidos para as US Army Air Forces (USAAF) através do acordo “Reverse Lend-Lease”. Além dos PV-2 recebidos originalmente, outras duas aeronaves – uma delas um Lockheed Modelo 137 (B-34 na USAAF) e um PV-2 – foram recebidas pela FAB para serem utilizadas para instrução de mecânicos, pelo 1º Grupo Misto de Instrução. Esse PV-2 foi utilizado até 1962. Com o final da guerra, os PV-2 passaram a ser usados em missões de transporte, e em 1958 a última aeronave em operação foi descarregada do acervo da FAB.
Um outro PV-2 recebeu as cores da FAB; o c/n 15-1156 foi pintado pela Lockheed, em sua fábrica em Burbank, com as estrelas da FAB e o leme com faixas em verde e amarelo, ostentando o número de série “1156” na deriva, para fins de propaganda. Essa aeronave, no entanto, não foi entregue à FAB e sim à USN, em 14/11/45.
LOCKHEED-VEGA PV-2 HARPOON B-34A NA FAB | ||||||
Ordem | Tipo | Matrícula | c/n | BuNo USN | Ex-FAB | Observação |
01 | PV-2 | FAB 5048 | 15-1052 | 37086 | FAB-17 | Descarregado 24/01/58 – NRR |
02 | PV-2 | FAB 5049 | 15-1089 | 37123 | FAB-15 | Descarregado 07/02/52 – NRR |
03 | PV-2 | FAB 5050 | 15-1090 | 37124 | FAB-16 | Descarregado 20/12/57 – NRR |
04 | PV-2 | FAB 5051 | 15-1413 | 37447 | FAB-18 | Descarregado 20/12/57 – NRR |
05 | B-34 | FAB 5074 | 4803 | 41-38147 (USAAF) | Ex-FD695 RAF (MNU), Ex-USAAF, transferido para a FAB; utilizado para instrução no solo pelo 1º GMI; Descarregado 26/05/55 |
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06 | PV-2 | FAB 5076 | 15-1412 | 37446 | Ex-37446 USN (MNU), transferido para a FAB; utilizado para instrução no solo pelo 1º GMI; Descarregado 28/03/62 |
CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS (LOCKHEED-VEGA PV-2 HARPOON B-34A)
- Motor: 2 motores radiais de 18 cilindros em dupla estrela Pratt&Whitney R-2800-31 de 2.000 HP
- Envergadura: 22,86 m
- Comprimento: 15,87 m
- Altura: 4,04 m
- Superfície alar: 63,73 m2
- Peso: 10.886 kg (vazio); 18.144 kg (máximo)
- Velocidade: 454 km/h (máxima, a 4.175 m)
- Razão de ascensão: 497 m/min
- Teto de serviço: 7.285 m
- Alcance: 4.715 km
- Armamento: 5 metralhadoras Browning M2 .50 pol fixas, no nariz; 2 metralhadoras Browning M2 .50 pol na torreta dorsal; 2 metralhadoras Browning M2 .30 pol no túnel ventral; até 4 bombas de 2.000 lb internamente e até 10 foguetes HVAR 127 mm sob as asas.
Perfis
Bibliografia:
- P.J. Marson, “The Lockheed Twins”, Air-Britain, Grã-Bretanha, 2001.
- F.C. Pereira Netto, “Aviação Militar Brasileira 1916-1984”, Editora Revista de Aeronáutica, Rio de Janeiro, 1984.