No período de 1941 a 1945, o Brasil adquiriu aviões de bombardeio e ataque norte-americanos, através de contratos “Lend-Lease”, a fim de modernizar a FAB.
Em 1941, foram adquiridos seis bombardeiros médios North-American B-25B (cujos números de série nas USAAF eram 40-2245, 2255, 2263, 2306, 2309, 2310, e 2316), os quais foram recebidos em 1942. Esses aviões, juntamente com dois Douglas B-18, passaram a equipar o Agrupamento de Aviões de Adaptação, uma unidade de treinamento baseada em Fortaleza. Um desses B-25B atacou um submarino italiano em 1942.
Um B-25C (41-12558) foi recebido em julho de 1942 para instrução no solo aos alunos da então Escola Técnica de Aviação (atual Escola de Especialistas da Aeronáutica). Entre os meses de agosto e novembro de 1944, a FAB recebeu onze B-25J-15 e dez B-25J-20 (números de série 44-29007/29011, 29015/29020 e 29493/29502). Após a guerra, entre 11 de julho de 1946 e 2 de outubro de 1947, foram adquiridos mais 64 B-25J. A FAB operou os B-25 até 1970, tendo sido registrados na FAB nas séries 5000 e 5100.
Entre as demais unidades da FAB que operaram o B-25, destacamos os 1º, 2º e 4º Grupos de Bombardeio Médio, nas bases aéreas de Recife, Salvador e Fortaleza, respectivamente. Posteriormente à reorganização da FAB em 1947, os 1º/4º (Fortaleza), 1º/7º (Salvador), 1º/10º (São Paulo) e 5º (Natal) Grupos de Aviação utilizaram-no.
Pretendia-se também ativar unidades de bombardeio picado – 1º e 3º Grupos de Bombardeio Picado – as quais iriam operar aviões Vultee A-31/A-35 Vengeance; no entanto, com a proibição de vôo nesses aviões, que haviam sido condenados pelas autoridades aeronáuticas norte-americanas, aquelas unidades não chegaram a ser organizadas.
Em 1944-1945, a FAB recebeu 30 aviões Douglas A-20K, os quais foram registrados na FAB de 6061 a 6090. A primeira unidade a ser equipada com o A-20K foi o 1º Grupo de Bombardeio Leve, subordinado ao 3º Regimento de Aviação, na Base Aérea de Canoas. O 1º GBL residiu na BACO de 1944 a 1946, funcionando como unidade operacional e de treinamento em A-20K, apoiado por instrutores das USAAF.
Em 1945, foi ativado o 2º GBL, subordinado ao 2º RAv e sediado na Base Aérea de São Paulo – BASP. Em 1946 o 1º GBL foi transferido para o 2º RAv, concentrando na BASP a operação dos A-20K. Em 1947, com a reorganização da FAB, os Regimentos de Aviação foram extintos, bem como suas unidades constituintes; assim, os A-20K passaram a equipar o recém-criado 1º/10º Grupo de Aviação.
No ano de 1952, os dez A-20K sobreviventes foram adaptados para a missão de reconhecimento aéreo; o armamento foi retirado e instalaram-se câmeras fotográficas, passando os aviões a serem denominados de RA-20K. Em outubro do mesmo ano, a denominação foi alterada mais uma vez, para R-20. Esses aviões foram batizados com nomes de tribos indígenas, como por exemplo os R-20 ‘6062’ “Aboim-Ena” e ‘6071’ “Calapitis”.
Os R-20 permaneceram em uso até 1955, quando a falta de peças de manutenção tornou-se um problema insolúvel; o último vôo foi realizado no dia 10 de outubro de 1955.
Em 7 de setembro de 1957, chegaram ao país os Douglas A-26 Invader, nas versões B e C, designados como B-26B e B-26C, os quais equiparam o 5º GAV e o 1º/10º GAV – este tendo recebido alguns B-26 em 1969. Foram incorporados à FAB quatorze B-26B (números de série 5145 a 5158), dezessete B-26C (5159 a 5175) e um CB-26 (5176), os quais permaneceram em uso até 1976.
Após a desativação dos B-26, a aviação de ataque ficou a cargo dos esquadrões equipados com o AT-26 Xavante, como os 1º/4º GAV, 2º/5º GAV e 3º/10º GAV e, mais recentemente, com os aviões AT-27 Tucano, os quais são aviões de treinamento com capacidade secundária de ataque ao solo.
Somente em 1989 a FAB recebeu um novo avião com capacidade primária de ataque, o caça-bombardeiro Aeritalia-Aermacchi-EMBRAER AMX, designado A-1. Esses aviões são operados pelo 1º/16º GAV, sediado na Base Aérea de Santa Cruz.
O A-1 é equipado com um radar de acompanhamento do solo e um marcador a laser para lançamento de mísseis e bombas, sendo armado com dois canhões DEFA 30mm, bem como mísseis anti-aéreos Sidewinder ou MAA-1 Piranha, produzido no Brasil, para auto-defesa.
Desde 2004, a FAB opera o A-29 Super Tucano, desenvolvido e fabricado pela Embraer. O A-29 é equipado com avançados sistemas de navegação e ataque, incluindo HUD, GPS, NVG. A aeronave dispõe de 5 pontos fixos (um abaixo da fuselagem), os quais podem carregar bombas Mk82 LDGP, pods de foguete SBAT-70/19 MRL e pods 2×7.62mm ou 2×12.7mm em missões de ataque ao solo. Para missões ar-ar, ele pode ser equipado com pods 2×12.7mm ou 2x20mm, bem como um par de mísseis Sidewinder ou MAA-1 Piranha. Um total de 99 aeronaves foram adquiridas pela FAB.
Bibliografia:
- J. Baugher, North American B-25 Mitchell – Chapter 29: Mitchell with Brazilian Air Force. In: US Military Aircraft
- J. Baugher, Douglas A-20 Havoc – Chapter 30: A-20s with Brazil. In: US Military Aircraft
- J. Flores Jr., “Aeronaves Militares Brasileiras – 1916 – 2015”, Action Editora, Rio de Janeiro, 2015.
- J. Flores, Jr., “ALX – Um novo guerreiro nos céus”. In: Revista Força Aérea, Ano I, Nº 1. Action Editora, Rio de Janeiro. Novembro 1995.
- C. Lorch e J. Flores Jr., “Aviação Brasileira – sua história através da arte”, Action Editora, Rio de Janeiro, 1994.
- F.C. Pereira Netto, “Aviação Militar Brasileira 1916-1984”, Editora Revista de Aeronáutica, Rio de Janeiro, 1984.
- G. Wetsch, “Os bombardeiros A-20 no Brasil”, Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica, Rio de Janeiro, 1996.